quarta-feira, 18 de novembro de 2015

DA IMPOSSIBILIDADE DE SE DEMONSTRAR A EXISTÊNCIA DE DEUS: CRÍTICAS HUMEANAS AO ARGUMENTO ONTOLÓGICO DE SANTO ANSELMO

Acabou de sair meu artigo pela revista Enciclopédia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) intitulado boa leitura

DA IMPOSSIBILIDADE DE SE DEMONSTRAR A EXISTÊNCIA DE DEUS: CRÍTICAS HUMEANAS AO ARGUMENTO ONTOLÓGICO DE SANTO ANSELMO

boa leitura

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O ceticismo nosso de cada dia


O ceticismo nosso de cada dia

As pessoas mesmo partindo do mesmo conjunto de dogmas, isto é, da mesma religião, chegam à conclusões discrepantes. E não obstante, umas acham-se mais certas que outras. Discutem como se soubessem a verdade. Mas, na verdade, o que acontece é que além de desconsiderarem as contradições explicitas do próprio sistema, ainda não conseguem analisá-lo de fora (o dogma não os permite). 

Como meu sistema de crenças se comportaria do ponto de vista da biologia, da física, da química, da história, da antropologia, da  arqueologia, da psiquiatria, da psicologia, da filosofia e até mesmo de outras religiões (que em nada são menos dignas de reverencia que a sua)? Por que fazer isso? Ora, a menos que acredite que uma crença possa se isolar do resto do mundo, deverias colocá-la à prova. 

Calma! Afirmar algo requer um conhecimento demasiado alto de várias áreas do saber. Sobretudo quando o assunto é abstruso. Acredite, afirma algo, por mais simples que seja, requer muito estudo sério, e mesmo assim, talvez, possamos apenas descobrir que pouco ou nada sabemos ao certo. 

Rubens Sotero

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Aos ateus


Aos ateus

Não são poucos os motivos que levam os homens a abandonarem sua fé, sua superstição. Alguns ateus defendem sua descrença com alguns argumentos que só a primeira vista parecem razoáveis, mas que se for analisado com mais cuidado, ver-se-ão em tremendas dificuldades, terminando por se igualarem aos crédulos.

“Se deus é amor, então não pode existir o mal. No entanto, todos sabem que existem males por todo o mundo – terremotos, tsunamis, tempestades, doenças etc. logo, se deus existir ele tem que ser mau, porém como isto é contrário a sua natureza, deus não existe.”

“O mau não pode ser causado pela ausência de deus, pois ele é onipresente. Sendo assim, ou o mal existe porque deus é mau e onipresente, ou, então ele não é onipresente, mas um deus não pode não ser onipresente, nem bom, logo deus não existe.”

Limitemo-nos a esses argumentos, que parecem razoáveis. Tudo bem, deus não existe, o mau que foi relatado, no entanto continua presente. Ora, se deus não existe, a causa dos males tem que ser atribuída a algo, e o que resta é o próprio universo – afinal de contas, os deuses, tantos os bons quantos os maus, foram descartados – isso significa, porém que o universo não existe?

O universo é onipresente, mas não podemos dizer que ele é bom sem também nos contradizermos. Portanto, como fica o argumento acima? 


Rubens Sotero

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O paradoxo da ética divina



O paradoxo da ética divina


Jesus, o cristo, isto é, o filho de Deus que, aliás, é o próprio, foi morto – por homens. Tudo bem, temporariamente. Para nos salvar, Ele passou três dias morto. Mas até aí tudo “bem”.

O paradoxo (maior) vem agora. Ele nos disse: ‘não matarás’ e também ‘amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Como vimos, Deus morreu, ou melhor, foi morto (pelo menos em parte). Porém pode Ele perdoar seus assassinos sem desconsiderar o 'não matarás'? Se Ele perdoar seus assassinos, ele passará por cima de seu mandamento, porém se ele não perdoar, Ele também irá contra si próprio, ou seja, se Ele faz uma coisa, não faz outra, e vice e versa.

E isto é só o começo. Quem Ele não perdoa, vai para o inferno; quem Ele perdoa, vai para o céu. Se alguém por ventura matar os assassinos de Deus, será mandado para o fogo do inferno, ora, é proibido matar (com perdão do paradoxo). Aqueles, porém que mataram Deus vão para o céu. Se Deus perdoar tanto seus assassinos quanto os assassinos de seus assassinos, (pois Ele é amor) então – não matarás é arbitrário – e mais uma vez ele vai contra si, a menos que Ele seja injusto. Mas Deus não pode ser injusto.

Dirão: “tais mandamentos servem para os homens apenas”. Ora, ou Deus ama ou não ama; ou Ele perdoa ou não perdoa. Então, ou Ele não percebe tal erro, e é ruim em lógica; ou percebeu e quer nos ferrar. Ou então, as premissas são falsas. Em todo o caso, sinto um cheiro demasiado humano nisso tudo.

Rubens Sotero

domingo, 13 de novembro de 2011

O placebo nosso de cada dia



O placebo nosso de cada dia


Dizem que a fé cura. Será ela, porém um remédio? Bem, dizem que a diferença entra o remédio e o veneno é a dosagem. Se a fé é pequena, ela não serve; se ela, porém, é grande, envenena, torna-nos psicótico: ora, vemos o que os olhos não veem, sentimos o que o tato não capta... A fé, então é uma doença? Jamais. Porém é contagiante e mata!  
A religião, ao contrário do que Karl Max falou, não é o ópio do povo. Isto só seria verdadeiro se o seu conteúdo o fosse. A religião, ou a fé, aquela cega vontade de acreditar, é melhor entendida como o placebo do povo, como "disse" Dr. House. Ou seja, orar para os deuses e tomar um placebo, tem o mesmo efeito: às vezes dá certo, às vezes, não, porém no primeiro caso, não é graças ao placebo, muito menos aos deuses!

 Rubens Sotero

domingo, 16 de outubro de 2011

Dilema II?





Segundo Aristóteles todos os homens buscam por natureza saber. Parece óbvia tal afirmação, contudo não é o que se observa. Se fosse verdade, não haveria tantas pessoas supersticiosas como há hoje. Vejamos por que.

Se é verdade que a ciência é o saber mais seguro que temos; se é verdade que duas respostas não podem responder a mesma questão e ambas estarem certas; se é verdade que a superstição não é conhecimento científico, então o que a ciência explica a superstição malogra.

Ora, ainda se acredita em astrologia, dizem: tudo está interligado, portanto, os astros interferem em nossas vidas – se é assim tão óbvio, então podemos concluir que o amargo da maçã que comi ontem foi causado pela trigésima estrela do segundo braço de nossa via láctea que estava a cinco graus à direita do sol no dia da fecundação da maçã. Ainda se acredita em reza, em penitência, em alma. Se isso, porém, é verdade, para que a medicina? E a neurociência que cada vez mais reduz a alma a processos físico-químicos? 

Talvez a bela, no entanto, falsa afirmação de Aristóteles fizesse mais sentido – porém - perdesse sua beleza, se fosse assim: todos os homens buscam por natureza se enganarem. Se as religiões e as superstições em geral estiverem certas, a ciência está errada, mas seja sincero ao menos uma vez – quando bate aquela velha dor de dente, de cabeça ou muscular, você toma remédios ou reza?   

Rubens Sotero

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Como não ser hipócrita


Como não ser hipócrita


“Qual cristão por cultura ou por devoção não sente uma indignação ao ver os cientistas utilizarem animais inocentes de cobaias em suas experiências um tanto cruéis? Quem, se tivesse o poder de proibir, não impediria tal barbárie desses cientistas que desejam ser deuses? Os cientistas podem ser comparados aos carrascos de Auschwitz com a diferença que os cientistas ganham prêmios por tais crueldades.”


Tendo em vista, porém, a seleção natural é impossível não olharmos para nosso próprio umbigo, no melhor dos casos, olhamos para o da própria espécie. A pesquisa com animais fez-se necessária para a nossa sobrevivência: ou fazemo-la ou morremos! Os cientistas não são deuses, por isso precisam fazes testes – é na base de acertos e erros que a ciência se faz. A tortura com os animais não é uma opção entre outras, é a única, a não ser que usemos a nós mesmo, mas é claro que não somos tão altruístas a tal ponto.


As pesquisas com animais devem estar além do bem e mal. Nossos instintos de sobrevivência sempre sobreporão nossos hipócritas sentimentos morais, éticos. Quem, porém é contra tal ponto de vista, peço-lhe apenas que quando tiver dor de cabeça evite tomar aspirina, afinal de conta, ela surgir da tortura de animais. Seja coerente consigo ou então seja hipócrita. 

Rubens Sotero