terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O paradoxo da ética divina



O paradoxo da ética divina


Jesus, o cristo, isto é, o filho de Deus que, aliás, é o próprio, foi morto – por homens. Tudo bem, temporariamente. Para nos salvar, Ele passou três dias morto. Mas até aí tudo “bem”.

O paradoxo (maior) vem agora. Ele nos disse: ‘não matarás’ e também ‘amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Como vimos, Deus morreu, ou melhor, foi morto (pelo menos em parte). Porém pode Ele perdoar seus assassinos sem desconsiderar o 'não matarás'? Se Ele perdoar seus assassinos, ele passará por cima de seu mandamento, porém se ele não perdoar, Ele também irá contra si próprio, ou seja, se Ele faz uma coisa, não faz outra, e vice e versa.

E isto é só o começo. Quem Ele não perdoa, vai para o inferno; quem Ele perdoa, vai para o céu. Se alguém por ventura matar os assassinos de Deus, será mandado para o fogo do inferno, ora, é proibido matar (com perdão do paradoxo). Aqueles, porém que mataram Deus vão para o céu. Se Deus perdoar tanto seus assassinos quanto os assassinos de seus assassinos, (pois Ele é amor) então – não matarás é arbitrário – e mais uma vez ele vai contra si, a menos que Ele seja injusto. Mas Deus não pode ser injusto.

Dirão: “tais mandamentos servem para os homens apenas”. Ora, ou Deus ama ou não ama; ou Ele perdoa ou não perdoa. Então, ou Ele não percebe tal erro, e é ruim em lógica; ou percebeu e quer nos ferrar. Ou então, as premissas são falsas. Em todo o caso, sinto um cheiro demasiado humano nisso tudo.

Rubens Sotero

domingo, 13 de novembro de 2011

O placebo nosso de cada dia



O placebo nosso de cada dia


Dizem que a fé cura. Será ela, porém um remédio? Bem, dizem que a diferença entra o remédio e o veneno é a dosagem. Se a fé é pequena, ela não serve; se ela, porém, é grande, envenena, torna-nos psicótico: ora, vemos o que os olhos não veem, sentimos o que o tato não capta... A fé, então é uma doença? Jamais. Porém é contagiante e mata!  
A religião, ao contrário do que Karl Max falou, não é o ópio do povo. Isto só seria verdadeiro se o seu conteúdo o fosse. A religião, ou a fé, aquela cega vontade de acreditar, é melhor entendida como o placebo do povo, como "disse" Dr. House. Ou seja, orar para os deuses e tomar um placebo, tem o mesmo efeito: às vezes dá certo, às vezes, não, porém no primeiro caso, não é graças ao placebo, muito menos aos deuses!

 Rubens Sotero

domingo, 16 de outubro de 2011

Dilema II?





Segundo Aristóteles todos os homens buscam por natureza saber. Parece óbvia tal afirmação, contudo não é o que se observa. Se fosse verdade, não haveria tantas pessoas supersticiosas como há hoje. Vejamos por que.

Se é verdade que a ciência é o saber mais seguro que temos; se é verdade que duas respostas não podem responder a mesma questão e ambas estarem certas; se é verdade que a superstição não é conhecimento científico, então o que a ciência explica a superstição malogra.

Ora, ainda se acredita em astrologia, dizem: tudo está interligado, portanto, os astros interferem em nossas vidas – se é assim tão óbvio, então podemos concluir que o amargo da maçã que comi ontem foi causado pela trigésima estrela do segundo braço de nossa via láctea que estava a cinco graus à direita do sol no dia da fecundação da maçã. Ainda se acredita em reza, em penitência, em alma. Se isso, porém, é verdade, para que a medicina? E a neurociência que cada vez mais reduz a alma a processos físico-químicos? 

Talvez a bela, no entanto, falsa afirmação de Aristóteles fizesse mais sentido – porém - perdesse sua beleza, se fosse assim: todos os homens buscam por natureza se enganarem. Se as religiões e as superstições em geral estiverem certas, a ciência está errada, mas seja sincero ao menos uma vez – quando bate aquela velha dor de dente, de cabeça ou muscular, você toma remédios ou reza?   

Rubens Sotero

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Como não ser hipócrita


Como não ser hipócrita


“Qual cristão por cultura ou por devoção não sente uma indignação ao ver os cientistas utilizarem animais inocentes de cobaias em suas experiências um tanto cruéis? Quem, se tivesse o poder de proibir, não impediria tal barbárie desses cientistas que desejam ser deuses? Os cientistas podem ser comparados aos carrascos de Auschwitz com a diferença que os cientistas ganham prêmios por tais crueldades.”


Tendo em vista, porém, a seleção natural é impossível não olharmos para nosso próprio umbigo, no melhor dos casos, olhamos para o da própria espécie. A pesquisa com animais fez-se necessária para a nossa sobrevivência: ou fazemo-la ou morremos! Os cientistas não são deuses, por isso precisam fazes testes – é na base de acertos e erros que a ciência se faz. A tortura com os animais não é uma opção entre outras, é a única, a não ser que usemos a nós mesmo, mas é claro que não somos tão altruístas a tal ponto.


As pesquisas com animais devem estar além do bem e mal. Nossos instintos de sobrevivência sempre sobreporão nossos hipócritas sentimentos morais, éticos. Quem, porém é contra tal ponto de vista, peço-lhe apenas que quando tiver dor de cabeça evite tomar aspirina, afinal de conta, ela surgir da tortura de animais. Seja coerente consigo ou então seja hipócrita. 

Rubens Sotero

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Cientificamente supersticioso


Cientificamente supersticioso

- Escuta, Incrédulo, vou provar-te cientificamente que não só temos um espírito, mas que a reencarnação é algo real. Vou ler um texto, escute-o com atenção. “na Inglaterra em 1908, um menino de pai e de mãe analfabetos e também analfabeto, era um excelente matemático: respondia qualquer questão de matemática em poucos segundos. Um professor assustado com o seu dom fez-lhe uma pergunta: qual é a décima sexta potencia do número oito? E o menino responde de forma categórica após poucos segundos: é igual a duzentos e oitenta e um trilhões, quatrocentos e sessenta e quatro bilhões, novecentos e sessenta e seis milhões, setecentas e dez mil, e seiscentas e dezesseis unidades. O professor riu consigo mesmo e pensou – ele não pode ter acertado – quando conferiu em sua calculadora descobriu que o garoto estava com a plena razão. O professor pergunta assustado ao menino – como você sabe? E o menino responde: eu me lembro, que não me lembrava que lembrava; agora que recordei, me lembro que sei!” Fica assim, pois, provado cientificamente que seu espírito já existia antes do seu corpo, pois tal memoria não pode ser genética, mas sim espiritual. O que tens a dizer agora, Incrédulo?

- fascinante história, Crédulo. Permite-me ler um que sempre trago comigo?

- pois não.

- “era uma vez um professor universitário físico-matemático que fazia várias conferencias ao redor do mundo e em todas elas ele fazia duas perguntas: quanto é cinco vezes cinco e qual equação descreve melhor a teoria das cordas? Todos respondiam a primeira facilmente, já a segunda, poucos. O professor que estava estudando reencarnação concluiu que: todos os espíritos de todos os alunos foram matemáticos antes, pois sabiam responder a primeira pergunta, porém tinham faltado as aulas sobre teoria das cordas.” E, como você bem falou, exatamente por não ter base genética é que se prova cientificamente tal memória; provar a existência do espírito com base que ele tem uma memória diferente da genética, mas que é acessível é algo puramente cientifico e logicamente coerente.

- como você prova que essa história que acaba de contar é verídica, Incrédulo?

- desculpa, mas diferentemente de você, não posso prová-la verdadeira. E isto torna minha argumentação frágil. Fui demasiado presunçoso ao crer que você ia deixar isso passar em branco. Afinal, você gosta de provas científicas!

- teu dizer estar carregado de ironia. Por isso, acho melhor ir, você não leva as coisas a sério.

- jamais que ia usar de ironia num assunto tão sério como esse. Crédulo já que guardasse o texto que há pouco lesse, me recorda qual é a décima sexta potencia do número oito, que lembrei que não lembro mais. Meu espírito tem uma péssima memória.

- espera que vou ler novamente.























Rubens Sotero

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Reflexo de um olhar

Reflexo de um olhar

Há quem veja mortes, sofrimento e
... Vazio...
Seus olhos são espelhos para vampiros.
É preciso um microscópio para revelar.
O que há de maior em suas entranhas.
 
O que és capaz de ver?

Há quem veja dinheiro, moda, deuses.
Ora, o que mais se poderia esperar deles?
Só se vê o que se é:
Eis o porquê de tantas mentiras!
A lucidez é-lhes seu maior delírio.

O que és capaz de ver?

Há quem veja montanhas, oceanos e aves
O horizonte é-lhes um abismo, é-lhes o limiar do fim!
Evitando ser engolido, foge... 
Foge como o rabo do cachorro foge de sua boca.
Quanto mais baixo se é, mais enfadonho é seu horizonte.

O que és capaz de ver?
 
Lua, planetas, sol, estrelas, via láctea...
De tanto se vê, já não são vistas!
Há mais galáxias que pessoas!
Há mais estrelas que grãos de areia!
Qual a fração que cabe em teu olhar?!

O que és capaz de ver?

Mistério: és o olho que contempla.
Exuberância: és todo o mistério!
Incógnita é a visão para quem enxerga.
Diz-me o que tu vê
Que te direi quem tu és!

O que és capaz de ver?


Rubens Sotero

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Presságio

Presságio  




Somos sete bilhões de homenzinhos. Estamos, sem muito escrúpulo, nos multiplicando aceleradamente. Estamos também no topo da cadeia alimentar – a única ameaça para nós, somos nós mesmos. Isto, porém, é sabido de todos. O que muitos não sabem (ou fingem não saber) é que a Terra não está crescendo e, muito antes disso, que nós a estamos destruindo. O que resulta daí é: logo, logo ela não suportará tanto homens. O que nos restará a fazer? Todos sabem que a educação não é nosso forte, e mesmo se fosse, não há educação que se prevaleça quando se está perante ameaça.

          Apesar de estamos no topo da cadeia alimentar há uma coisa que não domamos: a seleção natural – os mais fortes sobreviverão. A terceira guerra mundial está por vir. Com ela, talvez o planeta Terra permaneça... junto com o pó de nossa vaidade. Toda nossa história apagar-se-á. (Não se trata de niilismo, muito menos de profecia, é apenas um diagnóstico. Mas não se preocupem, não há vacina – preferimos a doença, só assim há a chance de papai vir e resolver tudo).

Não há muito que se fazer: todos querem ter filhos; todos querem luxar, nunca basta o básico; todos querem morrer aos cem anos, ou mais, sem doenças para assim aproveitarem mais a vida; todos acham que são importantes ou que fazem coisas importantes; enfim, todos querem tudo desenfreadamente. Quando houver apenas o básico para poucos, preparem-se. Com o poder de destruição que temos, junto com nossa insensatez não sobrara pedra sobre pedra. Apocalíptico? Sim, mas depois disso nem os deuses existirão. 


Rubens Sotero

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Lixo

Lixo.


Acreditamos, ou fingimos acreditar, no mito de jogar fora. Estamos num planeta, e tudo o que usamos – dos itens indispensáveis aos supérfluos – são jogados no mesmo solo em que, não só nós, mas que todos os outros seres habitam. Lixo é uma ilusão confortante para quem não suporta seus excrementos: o que os olhos não veem o coração não sente. Estamos fazendo do nosso planeta uma lata de lixo – com todos dentro. Só mais um agravante: estamos crescendo em termos quantitativos, claro.

“Mas pensando bem, se deus criou os céus e a terra. E se estamos aqui só de passagem, então não importa o que fazemos com o planeta, que com todo o direito chamamos nosso, afinal somos filhos do dono.”

O planeta não é nosso. A vida é um acontecimento raro.

Rubens Sotero

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Compaixão

Compaixão

As sociedades possuem leis para se conservarem. Nossas leis, porém, tendo em vista Deus ser brasileiro, não inibem ações contrárias à sociedade, isto é, não precisa coibir, punir severamente a fim de dar exemplo, afinal de contas, vivemos no paraíso. Errar é humano, por isso não punimos devidamente.

Isto se da porque temos medo de sermos vítimas de nossas criações (novamente). Somo fracos demais – não suportaríamos punições rígidas.

O cristianismo é adubo para nossas leis – mesmo sendo um país laico(?). Acreditamos em arrependimento na última hora. Acreditamos que somos todos iguais. Não se muda sem força. Se fôssemos iguais não precisaríamos de leis. Compaixão: nossa doença.

Os homens funcionam através do medo e da recompensa. Dever-se-ia punir devidamente: prisão perpétua, pena de morte. É preciso mostrar que para cada ação há uma reação. Pena de morte causa medo – medo inibe. Resultado, uma sociedade um pouco mais equilibrada: recompensa. Porém só aprendermos o que não devíamos: devemos respeitar a dignidade humana, como se dignidade fosse algo que se nasce com; dignidade é algo que se conquista. Aprendemos, com nossa fraqueza, a colocar na mão de Deus o julgamento, como se a justiça fosse algo supra-humano.

A prisão não deve re-socializar, mas sim inibir ações deletérias. Tentar re-socializar, sabemos onde termina. A população está crescendo desenfreadamente, será que precisamos daqueles que já se mostraram contrários à sociedade? Não será mais eficaz e, por assim dizer, mais inteligente fazer destes, exemplos para os vindouros? Infelizmente ainda acreditamos no bem e no mal!

Se as superstições que rondam nossa história não forem presas com redes seguras, acabaremos intoxicado por elas. E isto não é uma metáfora.
Rubens Sotero

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O maior dos erros

O maior dos erros


Há dúvidas de que os homens erram?
Paixões, instintos, impulsos, inclinações, razão:
Tudo isto faz-nos errantes: humanos.

A natureza não erra – ela não tem razão...
Porém, é nela que se erra.
A natureza, simplesmente, é!
Os homens, apenas, erram...

Errar é, portanto, demasiado humano, certo?

Somos suscetíveis ao erro,
Por isso buscamos o saber.
Falando em ignorância:
Deus é um espelho.

Deus fez o homem sua imagem e semelhança.
E sua criação foi ludibriada por uma serpente – que fala!
(temos o primeiro erro!)
A errância humana causa ira divina:
Assim como damos descarga, Deus fez o diluvio (deixando alguns espelhos).
(temos o segundo erro!)
Cansado de tudo, resolve, Ele, vir pessoalmente para colocar ordem na casa, e termina dizendo: “eles não sabem o que fazem”.
(temos o terceiro erro!)                                 
Não obstante, ainda quer levar alguns consigo...

Moral da história: errar uma ou duas vezes é humano; mas, é divino.   

Rubens Sotero

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Por que da P.L 122?

Por que da P.L 122?

“A vida terrestre em seu eclodir fora assexuada – vida dividia-se em vida: as bactérias originarias; com o passar do tempo e tendo em vista a seleção natural a reprodução sexuada surge. machos e fêmeas ou cromossomos  XY e XX. Hoje, após alguns milhões de anos, a coisa mudou apenas um pouco: alguns XY se comportam como XX e o contrário também.

No início da vida terrestre não havia religião nem “ligação”, aliás, é um fenômeno, apesar de todo o impacto que causou, recentíssimo. Ela, portanto, é feita por XYs e XXs, mais por XYs. Hoje ela se tornou maior que seus progenitores, com efeito, não se pode mudar seus princípios basilares sem destruí-la também.

Hoje, as pessoas transformaram-se em sexo. Qual o teu? Antes de sermos um sexo, somos vida. De um ponto de vista cósmico, não há diferença entre vida. Deus disse: o homem que se deitar com outro como se fosse com uma mulher, morrerá. Levítico 20:13 Mas disse também: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Mateus 22:39. Portanto, obedecer-lhe é lhe desrespeitar.”

Você que evidencia o seu sexo é tão pequeno quanto aquele que o critica.







A P.L. 122 é desnecessária, não só porque enaltece uma classe – em detrimento de todas as outras, pois se uma merece leis específicas, por que não fazer P.L. para todas as outras classes, que, aliás, não são poucas e, por conseguinte, isolarmo-nos em ilhas?  Mas também porque a constituição garante já garante em Lei os direitos básicos: liberdade de expressão, direto de ida e vinda, saúde, educação etc.
Rubens Sotero

sábado, 14 de maio de 2011

Dilema?

Dilema?


Os homens são a contradição de si mesmos: Não obstante serem demasiados religiosos – não sobreviverem sem a ideia de uma transcendência -, negam o método de pesquisa científico, não porque sabem do que se trata, mas tão só porque a ciência desloca, cada vez mais, o lugar da divindade para além da própria transcendência; isto é, a divindade nunca está onde se presume: naquilo que ignoramos – basta explicar para ela se dissipar! A ciência, portanto, mostra-se, aos olhos deles, demasiada virulenta. Mas o problema não está aí, e sim, porque a falta de coerência e/ou de honestidade deles com eles mesmos torna-se desdenhosa: a ciência é-lhes perniciosa, seus produtos, no entanto, são divinos. Numa palavra, nega-se o método da ciência não o que ela produz, a saber, tecnologia.

Dizem os mais esclarecidos: a ciência nunca e por motivo algum destituirá a divindade de seu trono. Pressupõem, no entanto, que o divino está para além dos limites da ciência. Contudo resistem a suas explicações, se estas não deixarem lugar para o místico. Exigência esta que não se encontra quando o assunto é tecnologia. Os esclarecidos estão convictos que ciência e religião são diametralmente opostas: desde que a ciência fique aquém da mística, claro.

A ciência sem a religião é manca, porém não para ela mesma, e sim, para muitos que a fazem; e principalmente, para quem usufrui de seus produtos. A religião sem a ciência é cega, e com ela, torna-se mais uma vez hipócrita. Os produtos tecnológicos são oriundos do método científico; como, pois, é possível não se ser hipócrita aceitando um sem aceitar também o outro?  

Se a ciência parasse hoje, nós com ela, sucumbiríamos; tornamo-nos escravos de seus produtos. Se a religião sumisse hoje, a covardia, em grande parte, também, sumir-se-ia. Lembra-te: sede uma contradição, mas no meio de toda contradição, assume-te como tal. Sei que não sabes que és assim. 



Rubens Sotero

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Bendito seja vosso milagre

Bendito seja vosso milagre

“Não é coisa fácil interromper as leis da natureza; nem que seja por um segundo. Quem o faz, portanto, deve ser divinizado. Ora, curar outrem com saliva ou mesmo, com palavras só pode ser um milagre. É, portanto, uma prova cabal que Deus existe. Visto ser graças a Ele que podemos deixar de lado as leis naturais, mesmo que seja para salvar uma única vida ou fazer da água vinho. Ou seja, é graça a essa Força tremenda que a natureza se apequena. O que é a natureza senão uma criação Dele?

Deus é grande! Ele se usa dos homens (pequenos) para mostrar toda sua onipotência. Poucos, porém, são escolhidos. (Os critérios de escolha são imperscrutáveis.) Aquele que foi escolhido deve, com efeito, ser santificado, adorado, louvado; claro, não tanto quanto Deus, afinal de conta, só a Ele devemos toda à glória. Por isso tudo, nada mais justo que santificar o papa – o homem mais próximo de Deus – João Paulo II: ele curou uma pessoa com oração! O homem é pequeno, por isso necessita de Deus, que é grande.”

Aqueles que não tiveram a honra de ser escolhido pelo Criador, tornaram-se médicos. Eles salvam mais vidas do que os santos, não com palavras ou saliva, mas com substâncias produzidas por eles mesmos. Eles deveriam ser santificados também, afinal, salvam vidas, não de forma mágica como os outros, mas salvam. Mas é aquela coisa: o que importa não é a quantidade e sim a qualidade.

Viva ao papa João Paulo II, agora, santo. Ele fez uns dois ou três milagres. Aprendam com ele, médicos. Se malograrem, não se culpem, é apenas a vontade Deus sendo cumprida. Ele escreve certo por linhas todas. Quem enxerga apenas o que acontece, torna-se cego para o que poderia ter acontecido ou para o que pode acontecer.
Rubens Sotero

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O reflexo de Deus

O reflexo de Deus


Massacres, violência, deterioração dos valores, tudo isto se resume à falta de Deus no coração dos homens. Ora, Deus é amor.

A crença em Deus nos deixa mais benévolos, compassivos; torna-nos mais Divinos. A descrença, portanto, o contrário. É por isso que devemos nos apegar a Ele, servi-Lo, obedecê-Lo, amá-Lo, contemplá-Lo, temê-Lo; enfim, tê-Lo em nossos corações. Quem O busca será aceito e, por conseguinte, será um soldado, um servo: uma ovelha que tem como pastor o soberano Criador do universo. Somos imagem e semelhança.

Melhor, porém, que o escolher é ser escolhido pelo Divino. O que de mais nobre pode nos acontecer? O único ser onipotente do cosmos nos quer! No meio de nossos mais íntimos pensamentos, o Divino fala-nos. Cabe-nos apenas saber escutá-Lo e obedecê-Lo.


Isto tudo é tão verdade que a época mais proeminente da história humana, isto é, o tempo em que vivemos no melhor dos mundos possíveis: o saber em seu ápice, graças à liberdade de expressão; a sociedade coesa; a paz sublime entre os homens foi a Idade Média. Nunca, na história, Deus esteve em tamanha evidência, quanto na Idade Média.

Sempre que desejarmos convencer outrem da importância de Deus na vida dos homens, levo-o a Idade Média; mostre-lhe a beleza que foi essa época memorável graças ao temor e obediência a esse Ser que tanto nos falta hoje. 

Rubens Sotero 

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Da doença de si.

Da doença de si.

A seleção natural engendrou em cada um de nós o germe da competição, isto é, aquela força cega da preservação-de-si, do mais forte. Em todos os outros animais, ela tem como princípio mantê-los vivos, o mais forte perpetuará a si, enquanto espécie. Já nos sapiens tal força subverteu-se, transfigurou-se; usam-na, não porque são fortes, pelo contrário, porque são demasiados fracos: preservar a mim é ver a diferença.

Eles são japoneses. Eles são negros. Eles são comunistas. Eles não gostam de vinho. Ser forte é ser fraco. Preservar-a-si tornou-se um proteger-se da diferença dos iguais, ou seja, uma negação da vida. Competir é a preservação de si enquanto espécie; é maximizar a vida, não enquanto indivíduos mesquinhos, mas enquanto espécies.

Àquele que enxerga fronteiras, àquele que enxerga raças, àquele que enxerga mesquinharias digo-lhes apenas uma coisa: encontrai-vos enfermos de vos mesmos. A única coisa que devemos buscar cegamente é pela perpetuação da Vida, daquilo que – é comum a todos. Enquanto assim não for, o homem continuará a ser o verme da Terra. É preciso que olhemos um pouco além de nós mesmo. Num rincão qualquer do universo encontra-se Vida: a terráquea. Que, aliás, pode ser a única em todo o Cosmos!
Rubens Sotero

segunda-feira, 21 de março de 2011

Um Deus Morto

Um Deus Morto
                                                

Homem, és tu uma besta sedenta
De dentro de teu antro, tiras uma força descomunal  
Força esta chamada auto-engano.
Enganar-te a ti próprio é teu divertimento e distração.

Sonhas com uma além-vida, e por isso não vives a única que tens.
Se te fosse possível outra vida
Dar-te-ia a vida de um verme e ao verme, a tua!
Só assim, farias com mais louvo teus afazeres.

Colocaste o sentido da tua vida no nada...
Agora, encontra-te perdido no vazio de teus desejos.
Homem, deus se encontra num espelho
Busca-o!

Quão arrogante és em teus pensamentos pequenos...
És míope: por isso preferes ver ao longe!
Não tem motivo, teu existir...
Apenas existi! Supera-te!

Falo-vos, não com um deus que tudo sabe
Mas sim, como um homem que observa.
Pois deus é aquela força que vos falei...
Homem, és um deus putrefato.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Da nossa ignorância


Da nossa ignorância


Em entrevista a tevê o meritíssimo Dom Aldo Pagotto disse: “devemos cuidar da natureza, porém nunca adorá-la”. Depois de tal blasfêmia, deixo-vos algumas reflexões: Onde se encontras agora? Donde tiras teu pão? O que pode ser mais digno de louvou senão a própria Natureza? É possível viver sem deuses, porém é possível viver sem a Natureza? Se não podemos adorar aquilo que vemos e que é a fonte de nosso ser, o que nos restará a adorar? Não é exatamente a indiferença de nós para com ela a causadora de muito dos males de hoje?

Não a contemplamos mais; não a respeitamos mais; alienamos nosso amor, desviamos do tudo para o nada. Adoramos a nossa fraqueza, nossas ilusões, nossas mentiras; e nisso tudo a Natureza, a responsável por todos nós, é passada para trás. Quão mesquinhos somos. Não vos esqueceis: somos pó e ao pó retornaremos. Nada mais.

 .

 Rubens Sotero

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Um pouco de luz

Um pouco de luz

Muita luz ofusca, isso, porém é sabido por todos; assim acredito, pelo menos. Nós não vivemos mais sem ela; usamo-la demasiadamente e agora viramos dependentes. Não falo, claro, da luz natural, a solar, mas sim daquela, que nós produzimos, a luz elétrica.

Quanta repercussão um simples apagão a noite causa-nos. Alguns minutos apenas. Tudo bem, fez calor, admito. Mas não foi só algumas calorias que alguns de nós perdemos; perdemos muito mais... Desperdiçamos uma grande oportunidade de observar o firmamento, a abobada celeste; isto, aquela imensidão de pontos brilhantes que tanto nos maravilhas – as estrelas.

Nosso pequeno artifício já não nos permite observar o céu estrelado em todo o seu esplendor; a nossa luz nos tornou distante das estrelas, das nossas mães... Conseguimos ofuscar até as estrelas! Quão pequenos somos. Onde mais há sinais da civilização mais pobre é o céu estrelado.

Muita luz ofusca e nós já estamos cegos. É exatamente por isso que vemos demais! 
Rubens sotero