quarta-feira, 20 de julho de 2011

Lixo

Lixo.


Acreditamos, ou fingimos acreditar, no mito de jogar fora. Estamos num planeta, e tudo o que usamos – dos itens indispensáveis aos supérfluos – são jogados no mesmo solo em que, não só nós, mas que todos os outros seres habitam. Lixo é uma ilusão confortante para quem não suporta seus excrementos: o que os olhos não veem o coração não sente. Estamos fazendo do nosso planeta uma lata de lixo – com todos dentro. Só mais um agravante: estamos crescendo em termos quantitativos, claro.

“Mas pensando bem, se deus criou os céus e a terra. E se estamos aqui só de passagem, então não importa o que fazemos com o planeta, que com todo o direito chamamos nosso, afinal somos filhos do dono.”

O planeta não é nosso. A vida é um acontecimento raro.

Rubens Sotero

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Compaixão

Compaixão

As sociedades possuem leis para se conservarem. Nossas leis, porém, tendo em vista Deus ser brasileiro, não inibem ações contrárias à sociedade, isto é, não precisa coibir, punir severamente a fim de dar exemplo, afinal de contas, vivemos no paraíso. Errar é humano, por isso não punimos devidamente.

Isto se da porque temos medo de sermos vítimas de nossas criações (novamente). Somo fracos demais – não suportaríamos punições rígidas.

O cristianismo é adubo para nossas leis – mesmo sendo um país laico(?). Acreditamos em arrependimento na última hora. Acreditamos que somos todos iguais. Não se muda sem força. Se fôssemos iguais não precisaríamos de leis. Compaixão: nossa doença.

Os homens funcionam através do medo e da recompensa. Dever-se-ia punir devidamente: prisão perpétua, pena de morte. É preciso mostrar que para cada ação há uma reação. Pena de morte causa medo – medo inibe. Resultado, uma sociedade um pouco mais equilibrada: recompensa. Porém só aprendermos o que não devíamos: devemos respeitar a dignidade humana, como se dignidade fosse algo que se nasce com; dignidade é algo que se conquista. Aprendemos, com nossa fraqueza, a colocar na mão de Deus o julgamento, como se a justiça fosse algo supra-humano.

A prisão não deve re-socializar, mas sim inibir ações deletérias. Tentar re-socializar, sabemos onde termina. A população está crescendo desenfreadamente, será que precisamos daqueles que já se mostraram contrários à sociedade? Não será mais eficaz e, por assim dizer, mais inteligente fazer destes, exemplos para os vindouros? Infelizmente ainda acreditamos no bem e no mal!

Se as superstições que rondam nossa história não forem presas com redes seguras, acabaremos intoxicado por elas. E isto não é uma metáfora.
Rubens Sotero