quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O ceticismo nosso de cada dia


O ceticismo nosso de cada dia

As pessoas mesmo partindo do mesmo conjunto de dogmas, isto é, da mesma religião, chegam à conclusões discrepantes. E não obstante, umas acham-se mais certas que outras. Discutem como se soubessem a verdade. Mas, na verdade, o que acontece é que além de desconsiderarem as contradições explicitas do próprio sistema, ainda não conseguem analisá-lo de fora (o dogma não os permite). 

Como meu sistema de crenças se comportaria do ponto de vista da biologia, da física, da química, da história, da antropologia, da  arqueologia, da psiquiatria, da psicologia, da filosofia e até mesmo de outras religiões (que em nada são menos dignas de reverencia que a sua)? Por que fazer isso? Ora, a menos que acredite que uma crença possa se isolar do resto do mundo, deverias colocá-la à prova. 

Calma! Afirmar algo requer um conhecimento demasiado alto de várias áreas do saber. Sobretudo quando o assunto é abstruso. Acredite, afirma algo, por mais simples que seja, requer muito estudo sério, e mesmo assim, talvez, possamos apenas descobrir que pouco ou nada sabemos ao certo. 

Rubens Sotero

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Aos ateus


Aos ateus

Não são poucos os motivos que levam os homens a abandonarem sua fé, sua superstição. Alguns ateus defendem sua descrença com alguns argumentos que só a primeira vista parecem razoáveis, mas que se for analisado com mais cuidado, ver-se-ão em tremendas dificuldades, terminando por se igualarem aos crédulos.

“Se deus é amor, então não pode existir o mal. No entanto, todos sabem que existem males por todo o mundo – terremotos, tsunamis, tempestades, doenças etc. logo, se deus existir ele tem que ser mau, porém como isto é contrário a sua natureza, deus não existe.”

“O mau não pode ser causado pela ausência de deus, pois ele é onipresente. Sendo assim, ou o mal existe porque deus é mau e onipresente, ou, então ele não é onipresente, mas um deus não pode não ser onipresente, nem bom, logo deus não existe.”

Limitemo-nos a esses argumentos, que parecem razoáveis. Tudo bem, deus não existe, o mau que foi relatado, no entanto continua presente. Ora, se deus não existe, a causa dos males tem que ser atribuída a algo, e o que resta é o próprio universo – afinal de contas, os deuses, tantos os bons quantos os maus, foram descartados – isso significa, porém que o universo não existe?

O universo é onipresente, mas não podemos dizer que ele é bom sem também nos contradizermos. Portanto, como fica o argumento acima? 


Rubens Sotero