O
paradoxo da ética divina
Jesus, o
cristo, isto é, o filho de Deus que, aliás, é o próprio, foi morto – por
homens. Tudo bem, temporariamente. Para nos salvar, Ele passou três dias morto.
Mas até aí tudo “bem”.
O paradoxo
(maior) vem agora. Ele nos disse: ‘não matarás’ e também ‘amarás o teu próximo
como a ti mesmo’. Como vimos, Deus morreu, ou melhor, foi morto (pelo menos em
parte). Porém pode Ele perdoar seus assassinos sem desconsiderar o 'não
matarás'? Se Ele perdoar seus assassinos, ele passará por cima de seu
mandamento, porém se ele não perdoar, Ele também irá contra si próprio, ou
seja, se Ele faz uma coisa, não faz outra, e vice e versa.
E isto é só
o começo. Quem Ele não perdoa, vai para o inferno; quem Ele perdoa, vai para o
céu. Se alguém por ventura matar os assassinos de Deus, será mandado para o
fogo do inferno, ora, é proibido matar (com perdão do paradoxo).
Aqueles, porém que mataram Deus vão para o céu. Se Deus perdoar tanto seus
assassinos quanto os assassinos de seus assassinos, (pois Ele é amor) então –
não matarás é arbitrário – e mais uma vez ele vai contra si, a menos que Ele
seja injusto. Mas Deus não pode ser injusto.
Rubens Sotero