sábado, 14 de maio de 2011

Dilema?

Dilema?


Os homens são a contradição de si mesmos: Não obstante serem demasiados religiosos – não sobreviverem sem a ideia de uma transcendência -, negam o método de pesquisa científico, não porque sabem do que se trata, mas tão só porque a ciência desloca, cada vez mais, o lugar da divindade para além da própria transcendência; isto é, a divindade nunca está onde se presume: naquilo que ignoramos – basta explicar para ela se dissipar! A ciência, portanto, mostra-se, aos olhos deles, demasiada virulenta. Mas o problema não está aí, e sim, porque a falta de coerência e/ou de honestidade deles com eles mesmos torna-se desdenhosa: a ciência é-lhes perniciosa, seus produtos, no entanto, são divinos. Numa palavra, nega-se o método da ciência não o que ela produz, a saber, tecnologia.

Dizem os mais esclarecidos: a ciência nunca e por motivo algum destituirá a divindade de seu trono. Pressupõem, no entanto, que o divino está para além dos limites da ciência. Contudo resistem a suas explicações, se estas não deixarem lugar para o místico. Exigência esta que não se encontra quando o assunto é tecnologia. Os esclarecidos estão convictos que ciência e religião são diametralmente opostas: desde que a ciência fique aquém da mística, claro.

A ciência sem a religião é manca, porém não para ela mesma, e sim, para muitos que a fazem; e principalmente, para quem usufrui de seus produtos. A religião sem a ciência é cega, e com ela, torna-se mais uma vez hipócrita. Os produtos tecnológicos são oriundos do método científico; como, pois, é possível não se ser hipócrita aceitando um sem aceitar também o outro?  

Se a ciência parasse hoje, nós com ela, sucumbiríamos; tornamo-nos escravos de seus produtos. Se a religião sumisse hoje, a covardia, em grande parte, também, sumir-se-ia. Lembra-te: sede uma contradição, mas no meio de toda contradição, assume-te como tal. Sei que não sabes que és assim. 



Rubens Sotero

2 comentários:

  1. Acho que existe uma distinção que deve ser feita aqui, entre o sentimento religioso e a transcendência. Há sentimento religioso no ateísmo, mesmo que o mesmo não configure uma religião.

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  2. Sentimento religioso no ateísmo?

    RELIGIÃO deriva do termo latino "Re-Ligare", que significa "religação" com o divino. Essa definição engloba necessariamente qualquer forma de aspecto místico e religioso, abrangendo seitas, mitologias e quaisquer outras doutrinas ou formas de pensamento que tenham como característica fundamental um conteúdo Metafísico, ou seja, de além do mundo físico.


    Possa ser que haja esse sentimento, mas se torna confuso, da mesma forma que posso atribuir uma divindade para criação de tudo, posso atribuir minha existência como sendo uma simples extensão do infinito, ambas não posso provar.

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